Comecemos pelo entendimento comum: o conceito de produtividade está associado aos conceitos de rendimento e de eficiência. Há produtividade quando se consegue gerar um bom proveito pela utilização dos recursos necessários de forma eficiente. Somos eficientes quando tiramos um bom rendimento dos recursos utilizados.
Não fiquemos por aqui, pois os conceitos são ferramentas e o ser humano ao usar as ferramentas cria e inova, nem sempre com bom proveito.
O meu objetivo é explorar o conceito de produtividade na perspectiva pragmática que nos leve a uma reflexão crítica sobre o modo como pensamos e agimos.
Assim sendo, vamos partir dos recursos que nos permitem produzir. E vamos focar-nos no recurso que é sempre necessário em todas as produções: o tempo. Pois a boa administração deste recurso levar-nos-á à boa utilização de todos os outros.
Quando um recurso é abundante, o que é que acontece geralmente? É desperdiçado, isto é, é usado de forma desatenta, ineficiente e torna-se bastante improdutivo.
Não é isto que acontece com o recurso TEMPO?
O recurso de base – o tempo – é por natureza produtivo, pois é a matriz da nossa ação. As pessoas que mais valorizam o seu recurso tempo são criteriosas naquilo que escolhem fazer ou não fazer, dar atenção ou não dar atenção e serão naturalmente focadas e produtivas. O ponto de partida é ótimo: fazer escolhas sensatas e evitar o desperdício.
No entanto, não quer dizer que estas pessoas se sintam produtivas. Vejamos:
- Sendo o tempo um “percurso”, a boa decisão à partida é essencial, no entanto, ao trilhar o caminho muito pode acontecer, os chamados “desvios”. No caso de uma pessoa focada, o desvio não acontece por desatenção, mas por incapacidade de ser fiel às suas prioridades. Um exemplo frequente é receber uma solicitação de outra pessoa, uma chamada telefónica, um pedido e sentir-se obrigada a satisfazer ainda que tenha de interromper o seu percurso produtivo.
- A produtividade implica foco, logo a dispersão de recursos por demasiadas ações diferentes é contraproducente. No curto-prazo, o rendimento é magro e no longo-prazo o risco de desperdício é grande pela incapacidade de dar seguimento a tudo o que se pôs em marcha.
- A pessoa pode aplicar o seu tempo em ações que não dão o tipo de rendimento que deseja obter. E este é um erro por demais comum. É preciso ter objetivos claros e aplicar-se nas ações que os concretizam efetivamente. Não podemos ser teoricamente produtivos. Se não somos, é porque algum erro ocorreu e urge detetar.
Se os objetivos estão corretamente definidos e há propensão para desvios e dispersão, então temos outra questão a analisar: a falta de motivação relacionada com o caminho que o indivíduo escolheu seguir para cumprir os seus objetivos. O problema pode radicar na natureza desse caminho que não ressoa com o caráter e com os valores da pessoa; pode ter a ver com falta de competências/habilidades (a formação pode ajudar) ou com alguma questão que mexa com a sua autoconfiança (crenças, medos, etc).
O tema interessante que é a produtividade não se esgota aqui e fica a promessa de continuar.
De acordo com as circunstâncias particulares de cada indivíduo, o tema da produtividade merece ser explorado em profundidade, pelo impacto que tem na sua performance e na sua satisfação.