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Arrependimento onde me levaste?!

A vida não tem lugar para arrependimento, na natureza não há “e se”. Tudo aquilo que já aconteceu não tem volta.

Nem pedra fora da mão, nem palavra fora da boca. Nem a acriança que nasceu, nem a semente que germinou.

Tentar travar um processo em curso não só é inglório, como pode ser prejudicial, ao criar bloqueios e distorções. É preciso permissão para agir, tal como quando atravessas uma estrada movimentada, tens que aguardar que os veículos travem ou que passem.

O excesso de voluntarismo e de impetuosidade mais depressa põe-nos em risco do que acautela alguma situação.

Que o nosso ânimo não se desassossegue, depois de agirmos. Que com serenidade observemos e aceitemos responsavelmente os resultados, optando pela ação mais harmonizadora em seguida.

Imaginemos um cirurgião que se desassossega e descontrola porque uma artéria foi perfurada. Ainda que tenha a responsabilidade dessa ação, só poderá minorar os danos se mantiver tranquilidade.

As emoções agitam-se em nós, são reativas e expansivas. Cabe-nos ter as rédeas dessas forças, manter o sangue frio. A emoção faz ferver o sangue e despoleta a ação, a sua irmã gémea a razão fá-lo arrefecer. E o condutor do veículo trava ou acelera consoante aquilo que lhe indica o seu discernimento: o fiel da balança, imparcial e vocacionado para assegurar um equilíbrio dinâmico, ou seja, o equilíbrio que se ajusta continuamente, porque o karma – ação – é uma condição da Vida.

É melhor prevenir que remediar. Sem dúvida! A sabedoria popular a iluminar o Caminho.

O acerto ou a harmonia de uma ação depende essencialmente do uso de dois instrumentos: ponderação e sentimento.

A ponderação consiste em perspetivar longitudinalmente o possível “desenrolar da ação” e leva-nos a planear os ajustes antes de dar a “tacada” que movimenta a bola na direção do buraco.

O sentimento indica-nos o momento de dar a tacada e dá o impulso que nos permite sair do impasse que resultaria de protelar sine die a ação, na busca do ângulo perfeito que ainda não temos a perícia para encontrar.

O aperfeiçoamento vem com o treino, não com a teimosia nem com o desespero. É preciso aceitar errar muitos buracos para começar a acertar em alguns e acabar por acertar em quase todos.

A humildade do jogador em campo permite-o conhecer o seu lugar na escala do sucesso e não criar expectativas desajustadas.

Quem não espera não desespera. Outra tacada certeira da Sabedoria Popular. O foco deve estar na ação, no treino, e não da fantasia de um resultado para o qual não se trabalhou.

E se se trabalhou e o resultado ainda não chegou, façamos como o agricultor que aguarda que as sementes ecludam no tempo certo, em função da humidade e dos raios solares que são condições “variáveis”.

Posto que não controlamos todas as variáveis, fazemos a nossa parte e aguardamos, sob pena da nossa agitação criar obstáculos à manifestação dos resultados que pretendemos, o chamado tiro no pé.

Quando paramos para refletir, tudo isto faz sentido, até sentimos que já sabíamos. Pois sabemos. Aqueles que refletem, sabem. Pelo que se conclui que a falta de sabedoria representa falta de reflexão, que acontece porque não paramos, não ponderamos e não estamos em conexão com o sentir.

As expectativas e as consequentes desilusões – ou murros na pança de quem sempre espera e não alcança – acabam por fazer-nos duvidar da nossa capacidade de “acertar” no alvo. Ou seja, por um mecanismo perverso comprometemos a nossa autoconfiança e passamos a estar programados para falhar.

De autopropostos campeões instantâneos passamos a vítimas do azar e as emoções continuam a fazer estrago, a corroer a última réstia de discernimento.

Não tinha de ser assim, a história podia e pode ter outro fim. Apenas temos de reescrever o guião.

Ana Isabel Freitas – Coach e Mentora

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